Artistas visuais africanos que estão a dar que falar no mundo não são apenas nomes em ascensão — são vozes visuais que estão a transformar a forma como o continente africano é representado e percebido globalmente. Com linguagens artísticas distintas, temas provocadores e identidades vincadas, estes criadores conquistam espaço em galerias, bienais e museus de renome, dando visibilidade à riqueza cultural do continente.
Mais do que seguir uma estética, estes artistas exploram memórias coloniais, espiritualidade africana, questões de género, pertença e identidade. Trazem para o centro da arte contemporânea uma narrativa plural, complexa e profundamente enraizada. Eis uma selecção de artistas visuais africanos que estão a marcar o presente — e a moldar o futuro.
Kiluanji Kia Henda (Angola)
Fotógrafo e artista multidisciplinar, Kiluanji recorre à ironia e à memória histórica para explorar os legados do colonialismo, a urbanidade africana e a construção da identidade. Foi o primeiro artista angolano a participar na Bienal de Veneza e o seu trabalho tem sido amplamente reconhecido em instituições internacionais.
Zanele Muholi (África do Sul)
Fotógrafa e ativista visual, Muholi documenta as vidas e identidades da comunidade LGBTQIA+ negra na África do Sul. A série Somnyama Ngonyama é uma poderosa afirmação visual da negritude e da auto-representação, num registo íntimo e politicamente contundente.
Ibrahim Mahama (Gana)
Conhecido pelas suas instalações monumentais com sacos de juta reciclados, Mahama aborda temas como trabalho, economia informal e memória colectiva em contextos pós-coloniais. A sua prática transforma o banal em monumento político.
Laeila Adjovi (Benim / Senegal)
Artista franco-beninesa-senegalesa, trabalha com fotografia, instalação e texto para contar histórias afro-diaspóricas. Vencedora do Grand Prix da Bienal de Dakar em 2018, a sua obra cruza etnografia, poesia visual e reflexão política.
Athi-Patra Ruga (África do Sul)
Combina performance, tapeçaria e fotografia para criar um universo visual que desafia convenções sobre género, sexualidade e narrativa histórica africana. As suas criaturas mitológicas são simultaneamente provocadoras e poéticas, entre o real e o imaginado.
Nástio Mosquito (Angola)
Artista performativo, poeta, videasta e músico, Mosquito mistura linguagens para questionar poder, identidade e o papel da arte contemporânea. A sua presença crítica e experimental já passou por Londres, Amesterdão e Nova Iorque.
Tiffanie Delune (França / Congo)
Baseada em Lisboa, explora temas como maternidade, espiritualidade e ancestralidade africana através de composições coloridas e gestuais, entre pintura abstracta, colagem e instalação. A sua obra evoca o onírico com raízes profundas.
Estes artistas têm exposto em eventos como a Bienal de Veneza, a 1-54 Contemporary African Art Fair e a Bienal de Dakar, bem como em instituições de referência como a Tate Modern, o Museum of African Contemporary Art Al Maaden (MACAAL) e o Zeitz MOCAA, na Cidade do Cabo.
A visibilidade destes criadores confirma: a arte africana não é periférica — é central na reinvenção da arte global. E este movimento está apenas a começar.